1 -EXISTEM MULHERES QUE NÃO TÊM LEITE OU PRODUZEM POUCO LEITE.
Muitas mulheres tem essa queixa logo após o nascimento de seus bebês, e os pediatras muitas vezes por “preguiça” em dar uma orientação adequada ou por outros interesses escusos, preferem prescrever leite artificial, ao invés de dar orientações de como a mãe poderia produzir mais leite. Na realidade, as duas principais causas de pouca produção de leite materno logo após o nascimento do bebê são:
Cesárea agendada – além de um grande estudo realizado na Inglaterra já haver provado que a cesárea agendada aumenta o risco de desconforto respiratório no recém-nascido (o bebê nasce “cansadinho”), ela também está associada a uma demora maior para a “descida” do leite após o nascimento do bebê.
Pega incorreta – quando o bebê, devido a uma má orientação recebida pela mãe, não abocanha corretamente o mamilo.
2 – EXISTE LEITE “FRACO”.
Muitas vezes, a mãe fica trocando o bebê da mama direita para a esquerda a cada mamada, antes que ele consiga esvaziar completamente uma das mamas. A composição do leite materno muda de acordo com o grau de esvaziamento da mama, no início ele é rico em água e pobre em gordura e no final, quando a mama está quase vazia, ocorre o contrário, ele se torna rico em gordura e pobre em água. Se a mãe não deixa o bebê esvaziar toda a mama antes de trocar de mama, o bebê acaba perdendo esse leite rico em gordura, ficando com fome e tendo dificuldade em ganhar peso. Por esse motivo, é fundamental que a mãe só troque de mama após o bebê esvaziar a mama toda, mesmo que o bebê tenha que fazer grandes pausas até conseguir.
3 – COM AS NOVAS TECNOLOGIAS, O LEITE ARTIFICIAL E AS FÓRMULAS LÁCTEAS CONSEGUEM SUBSTITUIR O LEITE MATERNO, SEM PREJUÍZO PARA A CRIANÇA.
Essa é a maior mentira de todas, sem dúvida! Basta fazer uma pequena visita ao site da American Academy of Pediatrics e conferir o que estou afirmando. Do ponto de vista simplesmente da composição nutricional do leite, as diferenças não são tão evidentes. Mas os benefícios do leite materno vão muito além disso. Alguns dos principais componentes do leite materno, como os anticorpos por exemplo, não têm substitutos à altura, mesmo que a criança tome todas as vacinas! Além disso, cada leite (de cada mãe) tem uma composição diferente, de acordo com os hábitos alimentares dela e isso influencia no hábito alimentar da criança até a idade adulta! Pediatras que não defendem veemente o aleitamento, certamente andam ganhando “presentinhos” demais dos representantes dos fabricantes de fórmulas lácteas, que visitam todos os meses, todos os pediatras (confirme essa informação com o seu pediatra ou simplesmente observe no consultório dele objetos decorativos ou de uso pessoal que contenham o nome dos fabricantes das fórmulas).
4 – MEU BEBÊ TEM ALERGIA AO LEITE MATERNO.
Não há possibilidade de um recém-nascido desenvolver alergia a qualquer coisa que seja (já que o sistema imunológico deles ainda não é maduro o suficiente para isso), nem existe intolerância à lactose do leite materno. Apenas uma doença genética rara, chamada galactosemia, pode eventualmente contra-indicar o uso de leite materno para o bebê, porém a sua incidência fica entre 1 para 30.000 a 1 para 60.000 nascidos vivos, e é uma doença genética, com vários outros sintomas associados e sem cura, apenas controle. Só para se ter uma ideia, a probabilidade de acertar o primeiro prêmio da loteria federal é de 1 para 96.000; portanto, antes de achar que seu bebê acertou na loteria federal, procure saber se a fórmula que a pediatra lhe prescreveu, não é (por coincidência) da empresa que pagou sua última viagem de férias! Além do mais, é importante verificar, sempre que um bebê apresentar cólicas e diarreia com uso de leite materno, se o problema não está na alimentação da mãe, causa muito mais comum!
5 – AMAMENTAR DÓI, É DESCONFORTÁVEL E DEIXA O PEITO CAÍDO.
Três mentiras de uma só vez, são ditas junto com a mentira do item 6, quando se quer vender leite artificial a uma mãe! Realmente para as mães que não fizeram exercícios no mamilo durante a gravidez, as primeiras mamadas são desconfortáveis, porém, após um curto período de adaptação, a amamentação se torna prazerosa e muito gratificante, estabelecendo um vínculo indissolúvel entre a mãe e o bebê. A falta de atividade física, cirurgias muito precoces (mamoplastia e colocação de prótese de silicone em mulheres muito jovens) são as principais causas de flacidez precoce; e não a amamentação! Não se pode deixar de citar os fatores genéticos, às vezes implacáveis com a mãe, porém a amamentação sempre leva a culpa!
6 – MAMILOS PLANOS OU INVERTIDOS CONTRA-INDICAM A AMAMENTAÇÃO.
Nunca! Existem exercícios simples, que devem ser orientados pelo obstetra desde o pré-natal, mas que também funcionam mesmo que o bebê já tenha nascido. Não deixe isso ser desculpa, pois preço a ser pago não vale a pena.
7 – A COLOCAÇÃO DE PRÓTESE DE SILICONE NÃO ATRAPALHA A AMAMENTAÇÃO.
Parcialmente mentira! A depender do tamanho da prótese, do tipo de cirurgia e da sua localização pode atrapalhar sim, e muito! Mas é importante salientar que mesmo mães que tenham prótese, devem amamentar seus bebês, superando qualquer dificuldade, o que será motivo de orgulho para ela no presente e no futuro! Os benefícios compensam o sacrifício!
8 – BICOS, CHUPETAS E MAMADEIRAS NÃO SÃO PREJUDICIAIS.
Claro que são, as mamadeiras e os bicos são a principal causa de insucesso observado na amamentação, nos dias atuais! Além disso, todos eles aumentam a chance de defeitos nos dentes e aumentam a necessidade de uso do aparelhos ortodônticos!
9 – BEBÊS QUE MAMAM AO PEITO DEVEM TOMAR CHÁS, SUCOS, ÁGUA E VITAMINAS ANTES DOS SEIS MESES DE VIDA.
Não só não devem, como não podem, pois prejudicam a amamentação e fazem mal à criança!
10 – AMAMENTAÇÃO NOS DIAS DE HOJE, É UMA ESCOLHA DA MÃE.
Não é o que dizem os maiores especialistas na área, tando da American Academy of Pediatrics, como da S.B.P. (Sociedade Brasileira de Pediatria), já existem evidências científicas suficientes para afirmar que, além dos evidentes benefícios para a mãe, amamentar é uma obrigação! Ela reflete na inteligência, capacidade de socialização, hábitos alimentares e imunidade ativa e passiva da criança! Além disso, também afirmado por essas mesmas sociedades, bebês que usam leite artificial e fórmulas lácteas, possuem maior propensão ao desenvolvimento de várias doenças, dentre as quais, já existe comprovação científica para as seguintes:
– diarréias;
– bacteremia;
– meningite bacteriana;
– infecções respiratórias;
– otite média;
– botulismo;
– infecção urinária;
– enterocolite necrotizante;
– síndrome da morte súbita;
– diabetes mellitus insulino-dependente;
– doença de Crohn;
– linfoma;
– retocolite ulcerativa e outras doenças digestivas crônicas;
– doenças alérgicas (asma, ectopia, chiado).
ALÉM DE TUDO ISSO, A AMAMENTAÇÃO:
– DIMINUI O RISCO RELATIVO DE CÂNCER DE MAMA (já comprovado por grandes ensaios clínicos);
– DIMINUI (E MUITO) O RISCO DE OBESIDADE INFANTIL, QUE ESTÁ COMPROVADAMENTE ASSOCIADA A DOENÇAS COMO CÂNCER, INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E DERRAME CEREBRAL (AVC);
– DIMINUI NECESSIDADE DE USO DE REMÉDIOS E COMPLEMENTOS ALIMENTARES DESDE OS PRIMEIROS DIAS DE VIDA DO BEBÊ;
– AUMENTA A INTIMIDADE ENTRE A MÃE E O BEBÊ;
– É MUITO MAIS BARATA;
– OFERECE MENOS RISCO DE CONTAMINAÇÃO, POIS DISPENSA NECESSIDADE DE FERVER OS MATERIAIS (BICOS, CHUPETAS, ETC).
PENSE BEM, VALE A PENA SEGURAR A CULPA?
Dr. Renato Paula da Silva – especialista.
Referências bibliográficas:
– Rea, M.F. A amamentação e o uso do leite humano: o que recomenda a Academia Americana de Pediatria. Pediatr (Rio J) 1998;74(3):171-2
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– Feachem RG, Koblinsky MA. Interventions for the control of diarrhoea diseases among young children: promotion of breastfeeding. Bulletin of the WHO 1984; 62:271-291.
– de Zoysa I, Rea M , Martines, J. Por que promover a amamentação nos programas de controle de diarréia? Rev Nutr PUCCAMP 1995; 8:101-124.
– BEMFAM/ DHS. Brasil: Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde, 1996. Março, 1997.
– WHO/UNICEF. Breastfeeding and maternal medication: recommendations for drugs in the 8th WHO Model List of Essential Drugs. Publ.WHO/CDR, 1995.
-WHO. Diarrhoea Diseases Control Programme. CDD Update nº 9, Aug. 1991. WHO, Geneva.
– Martines JC, Rea MF, de Zoysa I. Breastfeeding in the first 6 months: no need for extra fluids. Brit Med J 1993; 304: 1068-69.
– OMS. Proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno: o papel especial dos serviços materno-infantis. Genebra, 1989.
– WHO. International Code of Marketing of Breastmilk Substitutes. WHO, Geneva, 1981.
– INAN/ Ministério da Saúde. Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes. Brasília, 1988. Revista como Resolução do CNS/31/92 de 12/10/1992.
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